ATA DA AUDIÊNCIA PÚBLICA
DESTINADA A DISCUTIR O DESENVOLVIMENTO DO BAIRRO LOMBA DO PINHEIRO – QUARTA
SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA DÉCIMA QUARTA LEGISLATURA, EM 16-6-2008.
Aos dezesseis dias do mês de
junho do ano de dois mil e oito, reuniu-se, no Centro de Tradições Gaúchas
Pousada da Figueira, na Estrada João de Oliveira Remião nº 6791, a Câmara
Municipal de Porto Alegre. Às dezenove horas e cinqüenta e nove minutos, o
Vereador Sebastião Melo assumiu a presidência e declarou abertos os trabalhos,
a qual teve como Mediador o Senhor José Luís Espíndola Lopes, informando que a
presente Audiência Pública seria destinada a discutir a instalação de uma
escola técnica, a reserva de área territorial em torno do CEITEC, para
constituição de parque tecnológico, e incentivos fiscais para atração e
viabilização da instalação de empresas em prol do desenvolvimento do bairro
Lomba do Pinheiro, por solicitação da Comissão Pró-Desenvolvimento da Lomba do
Pinheiro (Processo nº 2666/08), nos termos do Edital publicado no Diário
Oficial de Porto Alegre, no dia vinte e oito de maio do corrente. Compuseram a
Mesa: o Vereador Sebastião Melo, Presidente da Câmara Municipal de Porto
Alegre; a Vereadora Maristela Maffei; o Professor Cesar Augusto Zen Vasconcellos,
Pró-Reitor de Pesquisa da Universidade Federal do Rio Grande do Sul – UFRGS –;
o Professor Roberto Astor Mosqueta, Diretor do Parque Científico e Tecnológico
– TECNOPUC – da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul – PUCRS
–; o Senhor Adelino Lopes Neto, representando o Departamento Municipal de
Limpeza Urbana – DMLU –; o Senhor Claiton Ferreira, representando o
Departamento de Esgotos Pluviais – DEP –; o Senhor Carlos Alberto Freitas,
Diretor do Centro Administrativo Regional da Lomba do Pinheiro; a Senhora Irani
Nascimento, representando a Pastoral da Criança da Paróquia Santa Clara; o
Senhor Lúcio Vieira, representando a Secretaria Estadual de Educação; o Senhor
Ricardo Gothe, Secretário de Planejamento Municipal; o Senhor Josmar Nunes,
Presidente do CPM da Escola Estadual de Ensino Médio Rafaela Remião; a Senhora
Claudia Ferreira, representando a Associação 7 de Abril; o Senhor Davi
Oliveira, representando a Associação dos Moradores da Vila Viçosa; Tatiane
Brito, Presidenta da Associação Comunitária Vila Santa Helena; a Senhora Luciane
Godolfim, Vice-Diretora da Escola Municipal São Pedro; a Senhora Marinez
Gonçalves, representando a Associação Airton Senna; a Senhora Zailte Freitas,
da Associação do Recreio da Divisa; o Senhor Francisco Giovane, representando o
Conselho Popular da Lomba do Pinheiro; o Frei Luciano Elias Bruxel, Presidente
da Associação de Apoio ao Fórum Municipal dos Direitos da Criança e do
Adolescente – ASAFOM – e Diretor do Centro de Promoção da Criança
e do Adolescente – CPCA –; o Senhor Raul Sérgio dos Santos, representando a Associação
de Moradores do Mangue Seco; o Senhor Marcos Moreira, Presidente da Comissão da
Juventude da Lomba do Pinheiro; a Senhora Meire, representando a Fundação de Assistência
Social e Cidadania – FASC – da Lomba do Pinheiro; a Senhora Gerci,
representando a Secretaria da Saúde, a Senhora Cássia Ribeiro, representando a
Secretaria Municipal do Meio Ambiente – SMAM –; o Senhor Ricardo Mesquita,
representando a Secretaria Municipal de Obras e Viação – SMOV –; o Senhor Gerci
Perrone Fernandes, Diretor do Cemitério Jardim da Paz; a Senhora Lourdes Agne,
Presidenta da Associação Pinhal; o Senhor José Antonio, da Associação dos
Moradores do Bairro Bonsucesso; e o Senhor Ademir Antonio Oliveira, Patrão do
CTG Pousada da Figueira. A seguir, foi executado o Hino Nacional. Após, o
Senhor Presidente prestou esclarecimentos acerca das normas a serem observadas
durante os trabalhos da presente Audiência Pública, informando que seria
concedida a palavra a dez inscritos, sendo de cinco minutos a duração dessas
intervenções. Na ocasião, o Senhor Presidente registrou a presença do Vereador
Carlos Comassetto, convidando-o a integrar a Mesa dos trabalhos. Em
continuidade, manifestaram-se sobre os temas da presente Audiência Pública: a Vereadora
Maristela Maffei; o Frei Luciano Elias Bruxel; o Senhor Marcos Moreira, da Vila
Panorama; a Vereadora Margarete Moraes; o Senhor Raul Sérgio dos Santos; a
Senhora Luciane Godolfim; o Senhor Francisco Giovane, Coordenador do Conselho
Regional de Assistência Social da Lomba do Pinheiro; o Professor Professor
Cesar Augusto Zen Vasconcellos; a Senhora Janete Simone Teixeira da Silva, da
Escola Estadual de Ensino Médio Rafaela Remião; a Senhora Janara Ciotti, da
Escola Municipal de Primeiro Grau Afonso Guerreiro Lima; o Senhor Josmar Nunes,
Presidente da Escola Estadual de Ensino Médio Rafaela Remião; o Senhor Roberto
Astor Mosquetta, representando a Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande
do Sul; a Senhora Adriana Mezetti, representando a Comissão Pró-Desenvolvimento
da Lomba do Pinheiro; a Senhora Marinez Gonçalves; o Vereador Carlos
Comassetto; o Senhor Alexandre Schiavoni, da Escola Municipal Heitor Villa
Lobos; o Senhor Odori Pedroso Lopes; O Senhor Lúcio Vieira, representando a
Superintendência da Educação Profissional do Estado do Rio Grande do Sul –
SUEPRO –; o Vereador Carlos Todeschini e a Vereadora Maristela Maffei. Em
prosseguimento, a Vereadora Maristela Maffei manifestou-se, registrando a
presença da Artista “Gauchinha”, tendo o Senhor Presidente concedido a palavra
a Sua Senhoria. Durante a presente Audiência Pública, o Senhor Presidente
registrou as presenças do Senhor Gil Goulart, da Associação dos Moradores
Esmeralda; do Senhor Sérgio Zanella; do Senhor José Carlos; de alunos e professores
da Escola Municipal Heitor Villa Lobos; da Escola Municipal de Primeiro Grau
Afonso Guerreiro Lima; da Escola Municipal de Ensino Fundamental Saint’
Hilaire; da Escola Estadual de Ensino Médio Rafaela Remião e da Escola Estadual
de Ensino Fundamental Eva Carminatti. Às vinte e uma horas e quarenta e um
minutos, nada mais havendo a tratar, o Senhor Presidente declarou encerrados os
trabalhos da presente Audiência Pública. Os trabalhos foram presididos pelo
Vereador Sebastião Melo e secretariados pelo Vereador Ervino Besson. Do que eu,
Ervino Besson, 1º Secretário, determinei fosse lavrada a presente Ata, que será
assinada por mim e pelo Senhor Presidente.
O SR. MEDIADOR (José Luis Espíndola Lopes): (Lê.)
“Audiência Pública com o objetivo de discutir a instalação de uma escola
técnica, reserva de área territorial em torno do CEITEC para a constituição de
parque tecnológico, incentivos fiscais para atração e viabilização da
instalação de empresas em prol do desenvolvimento do bairro Lomba do Pinheiro.
O Presidente da Câmara Municipal de Porto Alegre, no uso de suas atribuições
legais, comunica à comunidade Porto-alegrense a realização de Audiência
Pública, a pedido da Comissão Pró-Desenvolvimento da Lomba do Pinheiro, no dia
16 de junho de 2008, às 19h, no CTG Pousada da Figueira, situado na Estrada
João de Oliveira Remião, nº 6.791, Bairro Lomba do Pinheiro, com o objetivo de
discutir a instalação de uma escola técnica, reserva de área territorial em
torno do CEITEC para constituição de parque tecnológico, incentivos fiscais
para atração e viabilização de instalação de empresas em prol do
desenvolvimento do Bairro Lomba do Pinheiro e da Cidade. Gabinete da
Presidência, 16 de maio de 2008. Ver. Sebastião Melo, Presidente.”
Convidamos para compor a Mesa desta Audiência
Pública: o Sr. Presidente da Câmara Municipal de Porto Alegre, Ver. Sebastião
Melo. (Palmas.) A Srª Verª Maristela Maffei. (Palmas.) O Sr. Pró-Reitor de
Pesquisas da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Cesar Augusto Zen.
(Palmas.) O Diretor da TECNOPUC, Roberto Astor Moscheta. (Palmas.) O Sr.
Adelino Lopes Neto, representante do Departamento Municipal de Limpeza Urbana.
(Palmas.) O Sr. Claiton Ferreira, representante do DEP. (Palmas.) O Sr. Carlos
Alberto Freitas, Diretor do Centro Administrativo Regional da Lomba do
Pinheiro. (Palmas.) A Srª Irani Nascimento, representante da Pastoral da
Criança, Paróquia Santa Clara. (Palmas.) O Sr. Lúcio Vieira, representante da
Secretaria Estadual de Educação, Diretor Superintendente da Educação
Profissional. (Palmas.) O Sr. Ricardo Gothe, Secretário de Planejamento
Municipal. (Palmas.) O Sr. Josmar Nunes, Presidente do CPM da Escola Rafaela
Remião. (Palmas.) A Srª Claudia Ferreira, representante da Associação 7 de
Abril. (Palmas.) O Sr. Davi Oliveira, representante da Associação dos Moradores
da Vila Viçosa. (Palmas.) A Srª Tatiane Brito, Presidente da Associação
Comunitária Vila Santa Helena. (Palmas.) A Srª Luciane Godolfim, Vice-Diretora
da Escola Municipal São Pedro. (Palmas.) A Srª Marinez Gonçalves, representante
da Associação Airton Senna. (Palmas.) A Verª Margarete Moraes. (Palmas.) A Srª
Zailte Freitas, da Associação do Recreio da Divisa. (Palmas.) O Sr. Francisco
Giovane, representante do Conselho Popular da Lomba do Pinheiro. (Palmas.) O
Frei Luciano Elias Bruxel, Presidente da ASAFOM e Diretor do CPCA. (Palmas.) O
Sr. Raul Sérgio dos Santos, representante da Associação de Moradores do Mangue
Seco. (Palmas.) O Sr. Marcos Moreira, Presidente da Comissão da Juventude da
Lomba do Pinheiro. (Palmas.) A Srª Meire, representante da FASC - Lomba do
Pinheiro. (Palmas.) A Srª Gerci, representante da Secretaria da Saúde.
(Palmas.) A Srª Cássia Ribeiro, representante da Secretaria Municipal do Meio
Ambiente.
Vamos ouvir, de pé, o Hino Nacional.
(Ouve-se o Hino Nacional.)
O SR. MEDIADOR (José Luis Espíndola Lopes): Convidamos
para compor a Mesa também o Sr. Ricardo Mesquita, representante da SMOV.
O Ver. Sebastião Melo, Presidente da Câmara
Municipal de Porto Alegre está com a palavra.
O SR. PRESIDENTE (Sebastião Melo): Boa-noite, eu
queria convidar os amigos que estão lá, em pé, para utilizarem os espaços aqui
na frente. Então, convido a todos, que não tomaram assento, a participarem da
reunião melhor acomodados.
Eu
queria dizer que a nossa Câmara - não só na nossa gestão, mas também em outras,
tem dado prioridade, como na da Verª Margarete Moraes - precisa se aproximar do
dia-a-dia da Cidade, do seu quotidiano, na melhor fiscalização das coisas da
Cidade, mas, acima de tudo, discutir uma agenda estratégica.
Eu quero dizer que recebi, juntamente com a Mesa
Diretora, com muita alegria, o Requerimento de várias entidades, juntamente com
a Verª Maristela Maffei para tratar desta Audiência Pública.
A nossa Cidade, como todas as demais cidades brasileiras,
precisa encontrar o eixo do seu desenvolvimento. Nós fomos uma Cidade, na
década de 50, muito industrial. Já não o somos mais, há muito tempo. Esta
Cidade, na nossa avaliação, Maristela, não voltará a ter indústrias pesadas. Há
uns 20 dias, Professor Mosqueta, eu estive lá na PUC, mais uma vez, e o que
temos presenciado ali, desde 2003, é que essa Faculdade hoje é líder na América
Latina, no ponto de vista do referencial tecnológico. São quase três mil
pessoas trabalhando hoje na PUC na área tecnológica. Aqui na Lomba do Pinheiro
nós temos essa extraordinária Empresa do Governo Federal, a CEITEC, uma Empresa
que está produzindo tecnologia avançada, chips, que outro local no
Brasil não tem.
Eu quero cumprimentar a Lomba do Pinheiro, porque a
Lomba do Pinheiro concedeu-se a sua proposta de Plano Diretor, há mais de cinco
anos trabalhando, dizendo e mostrando à Câmara de Vereadores que caminho a
Lomba quer, de tantos desafios que tem essa região. E os senhores sabem disso.
Então, eu queria abrir esta Audiência Pública com o
fito, Srs. Vereadores, senhores dos mais diversos órgãos da Prefeitura, das
nossas Universidades, do Governo do Estado, de dizer que esta Audiência
produzirá, sim, um bom debate e terá desdobramento. A regra aqui, já está
aberta agora com o Sr. Brasil, juntamente com o Dr. Luís Afonso, as inscrições
para quem queira se manifestar, entidades ou pessoas físicas. O regramento da
Audiência Pública é de 10 inscrições, mas nós não seremos rigorosos nisso
também, se tiver alguém que queira falar além dos 10, nós vamos, com certeza,
mediar para que possa falar. Então, as inscrições estão abertas, aqui à
esquerda. E eu solicito aos que queiram utilizar os cinco minutos de fala o
façam aqui nas inscrições.
E de imediato, eu passo a palavra a nossa Verª
Maristela Maffei que, juntamente com as entidades, articulou esta
extraordinária Audiência Pública. E quero cumprimentar cada um de vocês, porque
nós estamos aqui num dia frio, mas vocês vieram aqui para discutir o futuro
desta Cidade. Então vocês merecem o nosso respeito, o nosso carinho e o nosso
aplauso. Cumprimento essa grande comunidade por essa mobilização em torno de
políticas públicas a favor da nossa Cidade. Muito obrigado. (Palmas.)
O SR. MEDIADOR (José Luis Espíndola Lopes): Nós gostaríamos
de convidar também para compor a Mesa o Sr. Perrone, Diretor do Jardim da Paz;
a Srª Lourdes Agne, Presidente da Associação Pinhal, e o Sr. José Antonio, da
Associação dos Moradores do Bairro Bonsucesso.
O SR. PRESIDENTE (Sebastião Melo): A Verª Maristela
Maffei está com a palavra.
A SRA. MARISTELA MAFFEI: Boa-noite a
todas e a todos; boa-noite Lomba do Pinheiro, este é um momento que não é o
primeiro que estamos organizando, Sr. Presidente, Verª Margarete Moraes, aqui a
representação da Reitoria da Universidade Federal, bem como o Tecnopuc, a nossa
Prefeitura através da SPM, e toda a comunidade. Nós acreditamos que o sucesso
do nosso Projeto vai se dar com a inclusão de toda a sociedade da Lomba do
Pinheiro, e não apenas a Lomba do Pinheiro, mas, também, as instituições que
dizem respeito aos projetos que nós almejamos. Como começou este Projeto? Eu
queria parabenizar a iniciativa da Conferência Livre da Juventude, que é ligada
à Secretaria do Governo Federal, do Governo Lula, que foi realizada no Colégio
São Pedro, coordenada pelo Marcos e pela Adriana, bem como os colégios aqui da
Lomba do Pinheiro. É claro que naquele primeiro momento não foram todos que
participaram, mas, com certeza, hoje, já tem o dobro de colégios que foram
sensibilizados com a nossa proposta de ser o resultado de uma proposta
coletiva. Naquele momento um aluno dizia: “Nós queremos conhecer o CEITEC; nós
não queremos apenas passar em frente ao CEITEC. Nós queremos a nossa escola
técnica, porque nós não queremos apenas digitar, pois só digitar é um processo
alienante”. Nós queremos dominar a Informática e conhecer o processo do CEITEC
por dentro para ver de que forma a Lomba do Pinheiro pode estar incluída nesse
processo que diz respeito a uma indústria que já está aqui, que não é balela,
que já está aqui na parada 02, que é uma realidade e uma prioridade no Governo
Lula e que, junto ao Governo do Estado e ao Município de Porto Alegre, juntos
com as universidades, particulares como é o caso da PUC e a nossa Universidade
Federal e outras mais, tornou-se uma realidade.
Nós também discutimos, num primeiro momento, Sr.
Presidente, que a mão-de-obra ali é muito qualificada e que ficariam de fora.
Como estaremos incluídos? Como filhos dessa região, com mais de 80 mil
moradores, poderão colaborar, crescer e desenvolver, não sendo apenas um
bairro-dormitório desta Cidade? É lutando para a complementação. Agora estamos
votando o Plano Diretor de Porto Alegre e o Plano Diretor de Porto Alegre diz
das grandes diretrizes da nossa Cidade e nós queremos estar incluídos. Qual foi
o resultado disso? Sensibilizamos o nosso Presidente, que é um grande
Presidente da Câmara de Vereadores, para que nós estivéssemos aqui neste dia e
não mais apenas aquela Comissão, mas todas as representações, as forças vivas
da nossa região para que nós somássemos e, dessa forma, fazer uma nova história
na nossa região. E a nossa proposta, Presidente, é exatamente esta: nós sabemos
que a Escola Técnica Federal, que é a primeira da Capital, vai para a Restinga.
Mas nós não estamos conformados, Presidente, porque nós, não é por bairrismo,
mas uma população carente, que mora longe do bairro, nós também queremos a
nossa Escola Técnica. Porque se nós não poderemos estar, agora, num primeiro
momento, dentro do CEITEC, nós temos uma Lei Federal que deixa claro que
existem subsídios para atrair indústrias de ciência e tecnologia de ponta, que
é como se fossem montadoras. E essas montadoras vão ser outras indústrias, em
que cabem, sim, a nossa mão-de-obra, se ela estiver organizada e qualificada.
Este é o desejo dessa comunidade, que, com certeza, vai falar aqui pela
representação dos alunos, dos segmentos, da vontade dessa região, porque nós
construímos em conjunto, ninguém faz nada sozinho. E se não fossem essas
pessoas, com certeza, nós não estaríamos aqui. Nós, Presidente, amamos muito a
nossa Cidade, mas, cá para nós, é um pedacinho muito grande a Lomba do Pinheiro
não estar incluída nesse Projeto, nesse momento histórico tão importante para
todos nós. Muito obrigada. (Palmas.)
O SR. PRESIDENTE (Sebastião Melo): Senhores, nós
começaremos, então, agora, as inscrições, e o manifestante tem até cinco
minutos para se pronunciar. Portanto, concedo a palavra ao Frei Luciano, da
ASAFOM.
O SR. LUCIANO ELIAS BRUXEL: Uma boa-noite
a todos. Só um esclarecimento, eu sou, além de responsável pela coordenação da
ASAFOM, muita gente aqui da Lomba do Pinheiro nem conhece, a ASAFOM é a
Associação de Apoio ao Fórum Municipal dos Direitos da Criança e do
Adolescente, uma entidade que congrega todas as instituições que trabalham na
defesa da criança e do adolescente de Porto Alegre. E aqui, na Lomba, eu sou o
Diretor do Centro de Promoção da Criança e do Adolescente, uma entidade que
trabalha na defesa e na promoção dos direitos das crianças e dos adolescentes.
Quero saudar a Mesa, aqui, na pessoa do Ver. Sebastião Melo, Presidente da
Câmara de Vereadores; a Verª Maristela Maffei, Verª Margarete Moraes e as
autoridades aí das Universidades, como também todas as autoridades e lideranças
aqui da nossa comunidade da Lomba do Pinheiro; bem como saudar a iniciativa de
trazer uma discussão tão importante para nós, na Lomba do Pinheiro.
Uma coisa que eu considero importante, num momento
destes em que estamos discutindo, é refletirmos, primeiro, do orgulho que a
Lomba tem de ter, hoje, aqui, o CEITEC e, junto, estarmos dentro desse eixo tão
importante, próximo da PUC, próximo da Universidade Federal e, ao mesmo tempo,
tendo dentro da Lomba esse Centro de alta tecnologia e que muita gente nossa,
moradores aqui, que passam todo o dia na frente, de fato, não sabem o que está
atrás daqueles muros que, aos poucos, vão-se retirando e vai-se erguendo aquele
prédio, a importância que tem. E falo, hoje, como uma liderança que trabalha
com a juventude, com a criança e adolescente, preocupa-nos muito, hoje, toda a
questão de preparação para o mundo do trabalho. Hoje, nós temos uma parcela de
infância e juventude muito grande aqui na Lomba. E mais, só temos uma escola de
2º Grau. Hoje, boa parte dos nossos jovens tem de se deslocar aqui, à noite,
pegar um ônibus, fazer longos percursos, porque nós só temos uma escola. Então,
a importância, de fato, nós termos, além de uma escola técnica, mais um espaço
de formação humana. E o outro aspecto que eu acho que é importante, nós aqui na
Lomba estamos acolhendo, então, pessoas altamente qualificadas, e é importante
também que aqui na nossa comunidade tenhamos condições de qualificar o nosso
povo da comunidade da Lomba do Pinheiro. Eu chamo a atenção para um dos
assuntos que tenho me dedicado muito, que é discutir a violência
infanto-juvenil. Muita gente não sabe: hoje, na Lomba do Pinheiro, Partenon,
nós temos mais de 480 jovens em conflito com a lei, que cometeram ato
infracional, e se a gente for olhar o histórico de muitos deles, eles não
tiveram a oportunidade de se qualificar para um trabalho de estímulo. Eu acho
que nós, aqui na comunidade, temos que assumir esse protagonismo de construir
aqui na Lomba do Pinheiro, junto como apoio da Câmara de Vereadores, propostas
sólidas para a nossa infância, para que ela possa ter estímulos, para que a
nossa juventude ter espaços de formação, bons, importantes, para que a gente
possa construir aqui, de fato, conhecimento que ajude também a desenvolver. Nós
teremos a Lomba do Futuro, aquele projeto importante, se nós tivermos uma Lomba
do Pinheiro do presente, com espaços de formação, de qualificação, que garantam
que as nossas crianças, adolescentes, jovens e também adultos, hoje nós temos
na área de informática, de fato, só alguns telecentros que são espaços
importantes na formação da inclusão digital de acesso à tecnologia. Mas o nosso
povo aqui da Lomba do Pinheiro tem condições de avançar muito mais. E nós
queremos juntos, então, com essas lideranças, acho que tem um papel importante
as diversidades, quem sabe, constituir, além da escola técnica, outros espaços
da comunidade de formação para garantir que aqui na nossa comunidade, as
pessoas também tenham condições de encontrar aqui um espaço de qualificação, de
formação. Muito obrigado. (Palmas.)
O SR. PRESIDENTE (Sebastião Melo): Queremos
agradecer e convidar para participar da nossa Mesa o Sr. Ademir Antonio
Oliveira, o patrão do CTG Pousada da Figueira; muito obrigado pela sua
parceria. (Palmas.) Gostaríamos também de pedir que os colégios, que aqui estão
presentes, dessem o nome para a assessoria para que pudéssemos registrá-los
nesta Audiência Pública.
O Sr. Marcos Moreira, membro da Vila Panorama, está
com a palavra.
O SR. MARCOS MOREIRA: Boa-noite, Sr.
Presidente, Ver. Sebastião Melo; Verª Maristela Maffei, cumprimentando V.
Exas., cumprimento toda a Mesa; boa-noite Lomba do Pinheiro, primeiramente, que
todos nós déssemos uma grande salva de palmas para todas as escolas que vieram
aqui hoje, pela mobilização, e pela importância desse assunto para a Lomba do
Pinheiro. Gente nós temos uma realidade que é o CEITEC, como a Vereadora falou,
foi feito, no começo do ano, a Conferência Livre da Juventude, onde vários
jovens disseram da questão da escola técnica e que não gostariam de apenas passar
na frente do CEITEC, mas também de fazer parte do projeto. Depois dessa
reunião, com o encaminhamento, tirou-se uma reunião pública com o presidente do
CEITEC, Sr. Sérgio Dias, e nessa reunião o presidente do CEITEC disse, aqui
neste CTG, que eles estavam buscando mão-de-obra em Novo Hamburgo, repatriando
gente que estava na Europa, para trabalhar no CEITEC. Mas isso não é justo,
porque na Lomba do Pinheiro, com 80 mil habitantes, não é possível que não haja
pessoas para trabalhar no CEITEC. Mas para trabalhar no CEITEC tem que ter
qualificação de mão-de-obra, e para isso nós precisamos imediatamente de uma
escola técnica aqui na Lomba do Pinheiro. Isso é importante, porque nós não
queremos somente passar na frente, mas nós queremos ter a oportunidade de nos
qualificarmos e trabalhar no CEITEC. Nós gostaríamos também de pedir que seja
demarcada, em volta do CEITEC, uma área para ter um pólo tecnológico, porque eu
me lembro que o presidente do CEITEC contou a história de que o CEITEC fez ou
vai fazer o chip que vai rastrear todos os bois do Brasil. Só que, para
ser rastreado, precisa que esse chip tenha uma argola, e essa argola
estava sendo feita na Índia. Então, o chip saía daqui, ia para fora do
Brasil, para voltar para cá. Isso não é justo, porque, se tivesse incentivos
fiscais, tivesse uma área demarcada em torno do CEITEC, essa empresa que faz
argolas poderia se instalar do lado do CEITEC, e nós trabalharmos lá; não
pessoas de fora de Porto Alegre. Então, eu acho importante que a Lomba do
Pinheiro se mobilize e que brigue, porque, ano que vem, a verba vai para a
Restinga. E é importante dizer que a Restinga também necessita, porque eles são
batalhadores, são lutadores como nós. Mas eu acho que, por justiça e por toda a
importância que o CEITEC tem para a Lomba do Pinheiro, tem para Porto Alegre,
tem para o Estado do Rio Grande do Sul, para o Brasil e para a América Latina,
é importante, também, que nós tenhamos qualificação de mão-de-obra, para nós
fazermos parte do projeto do CEITEC. Então, eu acho que essa luta tem que ser
contínua, cada um de nós aqui, que está aqui nesse frio, hoje, encarangado, mas
está aqui, para defender uma coisa que vai fazer bem para todos nós. Pode não
ser amanhã, mas, se nós continuarmos nessa luta contínua, logo, logo, nós vamos
ter uma grande vitória, que é a escola técnica e a demarcação da área para o
pólo tecnológico. Muito obrigado. (Palmas.)
O SR. PRESIDENTE (Sebastião Melo): Agora, passo a
palavra para a Verª Margarete Moraes.
A SRA. MARGARETE MORAES: Boa-noite a
todos e a todas, quero cumprimentar o nosso Presidente da Câmara Municipal,
Ver. Sebastião Melo, que é uma pessoa democrática, por natureza, e que gosta
muito desses desafios, de que a comunidade chame a Câmara Municipal para que
possamos dialogar e estabelecer ligações com as legítimas demandas da nossa
comunidade. Quero cumprimentar, também, com muito carinho, a minha amiga,
querida Verª Maristela Maffei, e dizer para vocês que, cada vez que ela se
manifesta na Câmara Municipal, ela tem muito orgulho de dizer que é da Lomba -
“Eu que sou da Lomba”. Então, ela tem esse sentimento de pertencimento, e isso
significa que ela, sinceramente, junto, quer contribuir para o desenvolvimento
dessa região e de toda a Cidade, com certeza, mas muito dessa região.
Eu, quando era Secretária da Cultura, recebi uma
demanda de que queriam um centro cultural. Embora hoje não esteja funcionando
como gostaríamos, esse centro cultural foi votado e houve o cumprimento do
Governo na oferta desse centro cultural nesta Cidade. A juventude de hoje não
quer mais saber de ser a juventude do futuro, nem as crianças de serem a
esperança do futuro; querem ser a esperança do presente, de hoje, e há
possibilidades de uma escola técnica dentro da Lomba do Pinheiro pela
proximidade com o CEITEC, porque os jovens querem acesso ao mundo mais
sofisticado da ciência e da tecnologia. Como disse a Maristela, não querem
dominar apenas digitar, querem construiu o chip, querem montar um chip,
construir novos chips, novas possibilidades que se comuniquem com o
mundo todo, nessa tecnologia e nessa ciência que faz parte da cidade de Porto
Alegre. O Presidente Lula dizia que tem emprego, mas falta qualificação. Essas
escolas técnicas que o Governo Federal está colocando em todo o Brasil
possibilitam essa qualificação. Eu estava assistindo à fala dos diretores da
escola técnica de Bento Gonçalves, quando eles nos explanavam o quanto a cidade
de Bento Gonçalves cresceu, desenvolveu-se, o quanto a qualidade de vida
melhorou em Bento Gonçalves a partir da escola técnica, exatamente naquilo que
era originário daquela região, que é a produção da uva e do vinho. Então, a
qualificação química da uva, a sofisticação do vinho, que hoje é reconhecido
fora do Brasil, se deve à Escola Técnica. Portanto, com essa Escola Técnica nós
vamos fazer com que se desenvolva o próprio CEITEC, muito além do mundo da
informática, mas também através dos avanços na Saúde, nos transplantes que
realizam com vídeo, enfim, uma gama imensa de possibilidades que vão
possibilitar aos nossos estudantes uma vida muito melhor a partir da escola
técnica dentro da sua região, de uma maneira descentralizada e ainda com o
CEITEC absolutamente próspero. Portanto, parabéns, quero dizer que a Câmara
Municipal certamente vai apoiar essa idéia e vai encaminhar tudo aquilo que for
decidido nessas frias noites do nosso Sul. Muito obrigada, parabéns a todos.
O SR. PRESIDENTE (Sebastião Melo): Obrigado, Verª
Margarete. Registramos a presença dos alunos e professores da Escola Municipal
Heitor Villa Lobos; também da Escola Estadual de Ensino Médio Rafaela Remião;
também presente a Escola Municipal Afonso Guerreiro Lima, professores e alunos.
(Palmas.)
Agora, o Sr. Raul Sérgio dos Santos, da Associação
dos Moradores Mangue Seco, está com a palavra.
O SR. RAUL SÉRGIO DOS SANTOS: Boa-noite a
todos; boa-noite Verª Maristela Maffei; Presidente Ver. Sebastião Melo, talvez
vocês estejam estranhando o nome da Associação - Mangue Seco -, mas os mais
antigos devem se lembrar que a requerida divisa, há vinte anos, chamava-se Mangue
Seco. Então, a gente está tentando resgatar aquela história de tantos anos de
luta, de tanta confusão, tanto laço que a gente levou.
Às vezes a gente perde uma reunião e faz uma falta
danada. Eu ouvi o Marcos falar, agora há pouco, que vão construir chip
para boi e uma argola na Índia, quanto vai ficar o nosso churrasco, gente? Vai
encarecer a nossa carne! Vai vir tudo do Exterior! Então, são coisas que a
gente fica ouvindo, quando falam o nome da escola e o pessoal levanta a mão,
olha, pode não parecer, mas, gente, no século passado - porque parece que faz
tanto tempo -, eu também fui professor, um dia, eu tenho magistério,
pouquíssima gente sabe, porque a gente não costuma falar. Então, a gente vê
esse entusiasmo, essa vibração, isso contagia. Mas, ao mesmo tempo que
contagia, esse entusiasmo, essa vibração, eu me entristeço quando ouço cantarem
o Hino Nacional daquela maneira. Aquilo ali não é o nosso Hino Nacional, gente!
O nosso Hino Nacional dá para dançar, ele é vibrante, ele é contagiante; aí eu
vejo gente cantando que não sabe, não é nem cantar, não sabe! Pelo amor de
Deus, acho que um pouco de patriotismo; ou a gente tem um exagerado
patriotismo, não sei. Aí eu ouço o pessoal conversando, falando sobre escola,
que bom! Uma coisa que a gente nota, hoje, aqui, eu particularmente achei que
não ia ter nem a metade por causa do frio, é muito bom que aqui a gente é
liderança, a gente é comunidade, a gente é Lomba, independente de Partido
político, corrente partidária, nós temos que lutar é pela Lomba do Pinheiro.
Todo mundo tem seu lado, todo mundo tem seu time, todo mundo torce para alguma
coisa, mas, no fundo, o nosso ideal, a nossa meta é Lomba.
Então, Sebastião Melo, quando falam, Maristela
Maffei, que aí para fora eles têm orgulho, e muito, a gente é conhecido aí fora
– “Esse pessoal é da Lomba, com esse pessoal não se brinca!” Então, nós temos
muita honra e é muito bom ser reconhecido como pessoal da Lomba.
Mas também quero fazer o contraponto: quando falam
em CEITEC - Lomba do Pinheiro, me mostrem onde está escrito na placa CEITEC e
Lomba do Pinheiro. Prestem atenção que vocês vão ver CEITEC e Agronomia! Alguma
coisa não está fechando! Aí vamos retornar alguns anos: pelo Projeto do
ex-Vereador Décio Shauren, a Lomba do Pinheiro começa, do lado direito, pelo
Beco do Davi, e do lado esquerdo pela Tamanca. Alguma coisa temos que mudar.
Nós somos Lomba na entrada da João de Oliveira Remião, não aqui em cima; somos
Lomba lá embaixo. Eu moro há 32 aos aqui e sempre foi Lomba ali embaixo, agora
por que não é? Porque botaram um prédio lindo, que alguns só vão passar na
frente, como alguns já falaram? Eu não vou participar de nada, mas tenho neto,
tenho filho. Gostaria que vocês também participassem, não simplesmente como
passageiro de ônibus que vai olhar para o lado e vai ver aquele baita prédio!
Eu queria participar, vejo essa criançada e vejo que eles têm que participar. O
Frei Luciano traz um dado: 480 adolescentes nossos que têm algum problema com a
Lei. Alguma coisa está errada. Os nossos governantes não estão fazendo a parte
deles - e não estão mesmo -, não importa quem está no Poder hoje, quem esteve
antes; quem está lá é o que conta. Alguma coisa tem que ser feita. Obrigado.
(Palmas.)
O SR. PRESIDENTE (Sebastião Melo): Registramos as
presenças de alunos e professores da Escola Estadual Eva Carminatti.
A Srª Luciane Godolfim, da Escola Municipal de
Ensino Fundamental São Pedro, está com a palavra.
A SRA. LUCIANE GODOLFIM: Boa-noite a
todos, à Mesa. Como Vice-Diretora da Escola São Pedro, estou acompanhada pelos
professores, pelos nossos alunos do dia, alunos do EJA, todos estão aqui por um
motivo bem importante, e eu quero aproveitar a presença de representantes de
várias entidades para a minha fala. Viemos aqui para falar de futuro, esses
empreendimentos todos que estão nos colocando, a CEITEC funcionando, um parque
tecnológico em torno dela, a construção de uma escola técnica – isso é uma
coisa para o futuro. Mas a gente não pode esquecer que o futuro começa hoje.
Então, a nossa presença aqui, de todos vocês, é talvez a garantia de esse
futuro acontecer. Só que até mesmo como professora, estando bem pertinho dessa
gurizada que está concluindo o Ensino Fundamental - a nossa Escola vai só até a
8ª série -, eu acho que a escola técnica é um passo; a construção de um pólo
tecnológico é um passo, mas a médio e longo prazo. E acho que existem passos
que podem ser dados em mais curto prazo. Por exemplo, toda pesquisa produzida
na Universidade - aqui os representantes da Tecnopuc, da UFRGS, devem ter
bastante ciência - está ainda muito distante da Escola de Ensino Fundamental. O
nosso aluno, que está lá terminando - a gurizada daqui pode dizer se eu estou
certa ou não -, fica muito longe de o que é esse tecnológico, o que é pesquisa,
onde eu posso me encaixar aí dentro, que profissão será que eu posso encontrar
dentro desse meio? São poucos os momentos que esses alunos são chamados para
dentro das universidades para conhecer esses espaços, para conhecer essas
pesquisas, fica lá para depois do Ensino Médio, quem sabe, e a gente vê essa
sede no nosso aluno. Então, acho que, a curto prazo, a própria Universidade,
tanto a Federal como a privada, podem encontrar algumas brechas para que os
alunos comecem a ter contato com esse outro universo: que tipo de profissão eu posso
exercer, o que, dentro dessa tecnologia me interessa, me habilita. Então,
trazer a pesquisa para dentro da escola e a escola para dentro da pesquisa na
Universidade é um passo importante. E também falando em nome dos nossos alunos:
hoje, quando nós conversávamos sobre esta reunião, eles me colocaram muito
fortemente que toda e qualquer iniciativa de constituição de um pólo
industrial, que seja feito dentro de um desenvolvimento ecologicamente
responsável. Então, eles me perguntaram: como é que fica a parte florestal aqui
em volta, como é que fica essa parte ecológica aqui em volta? Então, que isso
seja um ponto fixo que conste em algum papel, que tudo que se produza aqui seja
dentro de um pensamento ecologicamente responsável. Não sei se eu disse tudo que
vocês pensavam, mas era isso. Obrigada. (Palmas.)
O SR.
PRESIDENTE (Sebastião Melo): Anuncio a presença do Ver. Carlos Comassetto, que
nos honra aqui na Audiência Pública, que também é um profundo conhecedor dessa
matéria. Anuncio agora a fala do Sr. Luis Paulo Santos, da Associação de
Moradores Serra Verde. (Pausa.) Ausente. Então, o Sr. Francisco Giovane,
Coordenador do Conselho Regional de Assistência Social da Lomba do Pinheiro,
está com a palavra.
O SR.
FRANCISCO GIOVANE: Boa-noite, Ver. Sebastião Melo; Maristela Maffei;
Carlos Comassetto; Margarete Moraes; lideranças aqui presentes, quero saudar
cada uma das escolas aqui presentes nesta Plenária, assim como a todos
moradores que vieram aqui para fortalecer uma luta que é extremamente
importante para o desenvolvimento e para o crescimento da nossa juventude. Eu
fico muito contente, porque a maior parte dos presentes nesta Plenária é de
adolescentes. São adolescentes que estão, certamente, muitos deles, concluindo
ainda o Ensino Fundamental; poucos estão no Ensino Médio aqui na nossa Região,
porque nós temos apenas uma escola. Nós temos uma carência no entorno de 500
vagas para as séries iniciais aqui na Lomba do Pinheiro, porque nós não temos
escola. Nós temos, aqui, sete loteamentos novos que estão vindo para a Lomba do
Pinheiro, e não têm equipamentos de educação, de saúde, e vai alterar o
processo de transporte na nossa comunidade. Eu estou colocando essa introdução,
para que nós possamos refletir o quão é necessário que a Lomba do Pinheiro esteja
organizada, como nós estamos hoje, para buscar não só uma escola técnica, mas
também que a gente possa ampliar a possibilidade de que os nossos adolescentes,
ao concluírem o Ensino Fundamental, não fiquem na Lomba do Pinheiro, porque não
têm dinheiro para ir para o Centro da Cidade fazer o ensino médio. Nós temos
que construir a possibilidade de ter uma escola técnica, casada com uma escola
de Ensino Médio, aqui na Lomba do Pinheiro. Nós estamos situados, hoje, aqui na
Lomba do Pinheiro, numa das regiões mais importantes do Estado do Rio Grande do
Sul, se somando aqui com a Restinga, porque nós estamos no eixo tecnológico do
Estado do Rio Grande do Sul, que é o corredor Bento Gonçalves, que vai até a
Restinga, onde nós temos o Tecnopuc, a UFRGS e a agora o CEITEC, que é a única
fábrica de chips na América Latina.
Das cinco que têm no mundo, uma delas está aqui na Lomba do Pinheiro. Portanto,
nós precisamos fazer com que a Lomba do Pinheiro se sensibilize e crie
oportunidades para que essa juventude, que está aqui, possa ser protagonista de
qualificação profissional, não precisando sair da Lomba do Pinheiro para se
qualificar; ou seja, que nós criemos o nosso próprio espaço aqui na Lomba do
Pinheiro. Sábado passado, eu tive a oportunidade de participar do Seminário que
tratou dos cursos que vai ter a Escola Técnica aqui no Parque Industrial da
Restinga. O Governo Lula está colocando cinco escolas técnicas no Estado do Rio
Grande do Sul: Caxias do Sul, Feliz, Farroupilha, Canoas e em Porto Alegre, na
Restinga. Nós precisamos ampliar uma aqui na Lomba do Pinheiro, numa dinâmica,
onde de manhã os alunos tenham Ensino Médio e, de tarde, a gente possa criar a
possibilidade de eles estarem se qualificando no curso técnico. Aqui na
Restinga vai ter a possibilidade de graduação técnica para a juventude, isso é
muito importante. Agora, quero dizer para cada um dos adolescentes que estão
aqui: sejam perseverantes, participem desta reunião e muitas outras, que vocês
sejam transformadores das possibilidades, que a gente possa criar uma Lomba do
Pinheiro, de fato, com gosto e com o prazer que nós temos de morar. Muito
obrigado. (Palmas.)
O SR. PRESIDENTE (Sebastião Melo): Registramos as
presenças dos alunos e professores da Escola Municipal Saint’ Hilaire. O Dr.
Ricardo, Secretário de Planejamento Municipal, terá que sair, mas a Secretaria
continuará aqui representada, porque ele vai a outro compromisso, agenda de
trabalho na Cidade. Agora, passaremos a palavra ao Professor Cesar Zen,
Pró-Reitor de Pesquisas da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, que eu
acho que já vai poder fazer uma interlocução de muitos questionamentos que
foram feitos nas nossas manifestações anteriores.
O SR. CESAR ZEN: Agradeço imensamente ao Ver.
Sebastião Melo, à Verª Maristela Maffei, a todos os componentes da Mesa pela
presença, o que enriquece enormemente este encontro; e evidentemente, também, a
presença de vocês, que enriquece ainda mais, porque nós estamos tentando
construir a idéia de uma escola técnica na Lomba. De fato, eu pretendia ficar
quietinho no meu canto, mas a professora Luciane me provocou um pouquinho com o
que ela falou. Por que ela me provocou? Porque ela falou aquilo que, muitas
vezes, nós pensamos e é a realidade. A Universidade poderia fazer muito mais do
que faz pelas nossas comunidades, eu não tenho dúvida disso, e quando ela disse
isso, eu fui obrigado a repensar se deveria ficar quieto, ou não. E a Verª
Maristela Maffei me provocou ainda mais, porque ela disse: “Vocês estavam
pensando a mesma coisa que a Professora Luciane há três anos”. E foi criado, na
Universidade Federal do Rio Grande do Sul, um programa - viu, Professora -, que
vai exatamente ao encontro do que a senhora colocou. Nós criamos, há três anos,
na Universidade Federal do Rio Grande do Sul, um programa denominado: Primeira
Ciência. Vejam que nome interessante - Primeira Ciência -, porque é exatamente
uma iniciação científica para aquelas crianças do Ensino Fundamental, Médio e
das Escolas Básicas, no sentido mais amplo do termo. Evidentemente, ele foi criado
primeiro, timidamente, porque nós precisávamos aprender no caminhar. Sabem o
famoso poema do caminhante que constrói o seu caminho enquanto caminha, e nós
precisávamos construir um caminho que era absolutamente novo para a
Universidade, que era o de se relacionar de uma outra forma com a Educação
Básica e Fundamental. Então, esse programa foi construído, está sendo ampliado
permanentemente, e eu gostaria, professora, em primeira mão, de convidá-la para
participar deste nosso programa. Evidentemente, participando desse programa,
trazer as crianças da sua escola para o programa que tem exatamente o sentido
de fazer aquilo que a senhora disse: iniciação científica para as crianças da
Educação Básica e Fundamental.
Por fim, eu gostaria de dizer o seguinte: nós,
muitas vezes, na Universidade, ficamos muito presos a uma realidade interna,
trabalhando com o conhecimento, mas de uma maneira isolada da comunidade. Eu me
sinto, digo isso de todo coração, extremamente emocionado neste momento, porque
eu acompanhei o Projeto CEITEC desde os primeiros passos, e vejo agora o
Projeto CEITEC, Vereadora, de uma outra forma. Antes eu o via como um conjunto
de técnicas, de equações, enfim, aquelas coisas que os cientistas fazem no
dia-a-dia. E hoje eu vejo o Projeto CEITEC de uma forma completamente distinta,
porque eu vejo o impacto que este Projeto tem numa comunidade - um impacto
extraordinário. E se vocês pensarem, nós estamos vivendo um momento único na
história da humanidade, em que o conhecimento se torna a ferramenta mais
importante na conformação dos sistemas produtivos de uma nação. E é nesse
sentido que eu digo que o CEITEC pode, sim, dar uma contribuição extraordinária
na conformação da sociedade em que vocês vivem. E se este é o desejo de vocês,
certamente também é o meu desejo, e quem sabe, juntos, vamos construí-lo.
Obrigado pela atenção.
Concedo a palavra à Srª Janete Simone, da Escola
Rafaela Remião.
A SRA. JANETE SIMONE TEIXEIRA DA SILVA: Boa-noite a
todos. Boa-noite à Mesa, aos alunos, à comunidade em geral. Eu vim aqui hoje
pedir o mesmo que todos já pediram, que é a escola técnica na Lomba do
Pinheiro. Quero repetir isso e fazer a minha fala um pouquinho diferente. Eu
não acho; eu tenho certeza de que a Lomba do Pinheiro tem muito mais para
mostrar. A Lomba do Pinheiro tem que deixar de ser apenas estatística. A Lomba
do Pinheiro só aparece quando matam alguém. A Lomba do Pinheiro aparece sempre
quando falam: “Ah! Tu moras na Lomba? Ai que horror!”. Mas aqui na Lomba tem
gente capacitada, tem gente honesta, tem gente que luta. Tem gente que levanta
de manhã cedo e vai trabalhar. Tem gente que estuda. Então... (Palmas.) Obrigada.
Nós merecemos ou não merecemos uma escola, uma
educação de qualidade que possa nos proporcionar uma profissionalização na
Lomba? Merecemos, não é? Então, por que não vir à Lomba esta educação
qualificada, para os nossos jovens? Para mim, não mais. Eu estou terminando o
Ensino Médio agora no Rafaela Remião que me proporcionou isso. Com muita luta
eu cheguei até aqui. Depois dos meus filhos criados eu voltei a estudar. Mas os
meus filhos, a comunidade, muita gente pode aproveitar. Então, é isso o que vim
pedir aqui: uma educação qualificada para os nossos jovens da Lomba do
Pinheiro.
(Manifestações nas galerias.)
O SR. PRESIDENTE (Sebastião Melo): Srª Janara
Ciotti, do Colégio Afonso Guerreiro Lima.
A SRA. JANARA CIOTTI: Boa-noite à
Mesa, boa-noite a todos! Eu sou da Escola Afonso Guerreiro Lima, da Turma do
EJA, da noite. Nós não vamos fazer perguntas porque nós já estivemos na
primeira reunião, então, a gente já está meio por dentro do que vai acontecer.
Nós vimos aqui dizer por que vai ser bom ter uma escola técnica na Lomba do
Pinheiro. Porque no futuro irá beneficiar muitos jovens que estão sendo
preparados para o mercado de trabalho; proporcionará oportunidade e
qualificação, vai oferecer a oportunidade de muitos jovens saírem das ruas,
largarem as drogas e a prostituição, ocupando, assim, o seu tempo, muitas
vezes, ocioso. Durante o curso os alunos deveriam ter ajuda de custo para
manter passagem e alimentação. Ter a Escola Técnica será bom porque os jovens
não precisarão se deslocar para outras regiões; para a valorização do Bairro;
para aumentar o nível de conhecimento, a auto-estima e a qualificação de vida
das pessoas. A Escola, obrigatoriamente, trará mais recursos para os moradores
do Bairro. Será importante porque vai exigir uma postura dos jovens da
comunidade, será um estímulo para os jovens que querem retornar aos estudos,
resgatará a persistência de jovens e adultos, a esperança de construir o amanhã
desejado. Obrigada. (Palmas.)
O SR. PRESIDENTE (Sebastião Melo): Com a palavra
o Sr. Josmar Nunes, presidente do CPM da Escola Rafaela Remião. (Palmas.)
O SR. JOSMAR NUNES: Boa-noite para
a Mesa, boa-noite para o povo, boa-noite para o Rafaela!
(Manifestações nas galerias.)
O SR. JOSMAR NUNES: Vamos,
Rafaela, vamos gritar, vamos berrar, vamos pedir essa escola para nós!
(Manifestações nas galerias.)
O SR. JOSMAR NUNES: Falar tudo o
que já falaram não dá; então, vamos fazer assim: vamos pedir a escola, vamos
pedir Educação, vamos pedir emprego, vamos brigar, e vamos pedir com muita força
para a Mesa, porque só a Mesa pode resolver: o Diretor da UFRGS, o Diretor da
PUC, o Presidente da nossa Câmara, só esses podem resolver o nosso assunto! E
pedir, e pedir, e insistir com eles, porque eles é que vão dar o aval para a
nossa escola técnica, para melhorar a nossa Educação na Lomba do Pinheiro! A
gente merece isso, a gente é pobre e a gente tem que buscar uma Educação
melhor, porque a nossa Escola Rafaela Remião é a única de Ensino Médio no
“Pinheiro”, e essa Escola Técnica, vindo para cá, vai melhorar ainda mais a
nossa Educação! A gente precisa disso, a gente necessita disso, porque a gente
é gente, é brasileiro, e precisamos disso muito e muito, para os nossos filhos
e para nós também! Eu, como pai, que tenho dois filhos no Rafaela, me sinto
privilegiado de ter o Ensino Médio ali perto da minha casa. E o nosso Diretor,
que está ali, é um grande Diretor da nossa Escola! Desde já, muito obrigado. E
vamos berrar pelo Rafaela e pela nossa Escola! Vamos brigar pela boa Educação!
Boa-noite!
(Manifestações nas galerias.)
O SR. PRESIDENTE (Sebastião Melo): Registramos a
presença do Sr. Sérgio Zanella, empresário, coordenador dos passeios ecológicos
da nossa Lomba, de ciclismo. Bem-vindo, Dr. Sérgio.
Agora, eu concedo a palavra ao professor Mosqueta,
que representa a Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, a PUC.
O SR. ROBERTO ASTOR MOSQUETTA: Boa-noite a
todos, Ver. Sebastião Melo, Presidente da Mesa, em nome do qual cumprimento
todos aqui presentes. Vou iniciar respondendo um pouco à provocação da
professora, também no que se refere a duas questões que ela colocou, a idéia de
aproximar o pessoal das escolas mais cedo da área de ciência e tecnologia. Na
Universidade, temos um programa chamado PUCTur, cuja idéia é apresentar a Universidade,
mas ele está focado, basicamente, nos alunos que vão entrar, vão fazer
vestibular. Para os alunos do Ensino Médio e Fundamental, a iniciativa de
aproximação da Universidade é o nosso Museu de Ciências e Tecnologia. Se vocês
não tiveram a oportunidade de conhecer o Museu de Ciências e Tecnologia da PUC,
recomendo enfaticamente. É um dos cinco maiores museus de ciências e tecnologia
do mundo, instalado aqui, no campus da Universidade, e existe um
programa específico para escolas, que podem fazer uma programação de dia
inteiro dentro do Museu, acompanhadas pelos professores e pelos monitores do
próprio Museu, e é imperdível. É um motivador muito forte para as crianças se
envolverem em tecnologia, até porque a grande maioria dos experimentos, dentro do
Museu, é interativa. Você tem que mexer, e tal, e aí aprende a área de ciências
e tecnologia a partir do Museu. Então, a forma pela qual a Universidade pode
ajudar nisso é agilizando a oportunidade de as escolas estarem visitando em
comitiva o Museu de Ciências e Tecnologia.
A outra questão que a professora também colocou:
meio ambiente. Eu posso afirmar que a tecnologia que está sendo desenvolvida no
CEITEC é o que nós chamamos de tecnologia limpa; ela tem muito baixo impacto
ambiental, não gera qualquer tipo de influência ambiental, e, para a instalação
das áreas necessárias para a sua produção, não é necessário nenhum tipo de
intervenção ambiental com retirada de vegetação ou coisa do gênero. Então,
também nesse sentido, o CEITEC e as tecnologias chamadas tecnologias limpas são
fortemente capazes de evitar - como, no caso da indústria, é mais difícil - o
impacto ambiental. Então, sobre esses dois aspectos, sobre as questões que a
professora havia colocado, é o que eu poderia responder.
Por fim, com relação ao pleito da comunidade, de
trazer escola técnica, eu queria dar um pouquinho da manifestação das empresas
que estão conosco no parque; algumas delas são multinacionais, têm equipes
trabalhando no mundo todo, e eles se referem aos brasileiros de uma forma muito
especial. Às vezes, a gente tem a impressão de que brasileiro tem alguma
deficiência ou uma menor capacidade, se comparado com os trabalhadores do resto
do mundo, os europeus, hoje os indianos, os chineses. Não é verdade. Pela
manifestação dos dirigentes dessas empresas multinacionais que estão atuando no
nosso parque tecnológico, o brasileiro, ao contrário, tem características
diferenciadoras que o tornam uma referência na busca de profissionais de alta
qualificação. Por exemplo, nós, brasileiros, temos uma facilidade muito grande
de interação. Nós sabemos trabalhar com equipes compostas de profissionais do
resto do mundo. Você bota um indiano, bota um chinês, bota um europeu e bota um
brasileiro, e logo, logo, todo o mundo está dando beijinho e se abraçando, etc.
e tal. Um indiano não sabe fazer isso, um chinês não sabe fazer isso. O
brasileiro sabe. O brasileiro tem um potencial intelectual exatamente igual ao
dos outros, do resto do mundo, e nós temos algumas habilidades que nos tornam
diferentes. Portanto, se nós investirmos nessa área de tecnologia e nos
capacitarmos, através de iniciativas como uma escola técnica, como uma
universidade, como as ações de educação, nós, sim, temos capacidade de estar no
mesmo nível dos profissionais do resto do mundo.
Portanto, gente, investir em tecnologia não é
alguma coisa longe do brasileiro, está no nosso alcance, está na nossa
possibilidade, basta lutar por isso. E a escola técnica me parece um ótimo
começo para a comunidade, no sentido de se aproximar disso. Muito obrigado.
(Palmas.)
O SR. PRESIDENTE (Sebastião Melo): Muito bem. A
Adriana Mezetti, representante da Comissão Pró-Desenvolvimento da Lomba do
Pinheiro, está com a palavra.
A SRA. ADRIANA MEZETTI: Boa-noite à
Mesa, boa-noite à plenária. Primeiro, eu queria parabenizar a juventude que
levantou esta Pauta na Conferência Livre da Juventude; a Verª Maristela Maffei,
que abraçou a causa e tocou adiante; e a Comissão Pró-Desenvolvimento, da qual
eu faço parte, que está ajudando a organizar.
Primeiramente, eu queria dizer que a Lomba do
Pinheiro tem mais de 91 mil habitantes, não pelo IBGE, mas a gente que mora
aqui sabe. E nós temos apenas uma escola de Ensino Médio para todos os
estudantes, e isso é muito grave, impede o progresso da região, porque os
nossos jovens têm que estudar fora, e muitos não têm condições de pagar a
passagem, por incrível que pareça, mas é o que acontece. E 89% dos nossos
jovens não conseguem terminar o Ensino Médio, e a nossa região não consegue
progredir.
Nós queremos uma escola técnica, sim, é importante;
nós temos que nos posicionar desde agora, para que a próxima não vá para um
outro bairro. Mas, se a Restinga, com Distrito Industrial, conseguiu uma escola
técnica, por que nós, com CEITEC, não vamos conseguir, tamanho é a obra e o
impacto que vai causar na nossa região? Mas nós também não podemos ser
inocentes e não ver a realidade. Na Câmara Municipal, está sendo votado o Plano
Diretor, o Projeto Urbano Consorciado da Lomba, que delimita áreas. E, gente,
só se lembram da Lomba do Pinheiro quando é para construir condomínio de luxo?
Só se lembram da Lomba do Pinheiro quando é para ser instalada uma empresa? Nós
queremos a Lomba do Pinheiro por inteiro, não queremos pela metade. Nós
queremos trabalhar no CEITEC, nós queremos estudar, nós queremos desenvolver a
região. Então, nós temos que nos posicionar desde agora, com luta, como foi no
caso da Escola Onofre Pires, que não existiria, os alunos iriam ser
distribuídos um pouco em cada escola. A comunidade se uniu, a Vereadora ajudou,
e está lá a Escola. A Escola ganhou um local novo, um prédio novo, é tudo com
muita luta. E não tem o Ensino Médio, que era o que tinha se negociado. E, até
hoje, a gente continua só com a Escola Rafaela Remião com Ensino Médio, e a
gente continua sofrendo. E essa mesma população que trouxe todo o
desenvolvimento, que lutou pelo transporte, que lutou pela luz, pela água, não
consegue fazer parte, não consegue progredir, porque vêm pessoas de fora,
aproveitando toda a estrutura, porque quem veio para cá é que ajudou a cuidar,
é que ajudou a construir.
Hoje, por exemplo, um filho meu, um filho de vocês
não consegue mais comprar um terreno aqui, porque é muito caro, acaba comprando
no Lami, no Cantagalo, sei lá. A minha mãe, que lutou tanto, a minha avó, e
hoje, não conseguimos mais ficar aqui... nesse condomínio aqui à frente, nós
nos iludimos, 5% só dos moradores, dos que compraram, dos proprietários, são
moradores da Lomba do Pinheiro, o resto não consegue fazer parte.
Então, a gente tem que se posicionar, a gente não
pode deixar passar, e eu acho que a hora é agora, tem que demarcar momentos,
tem que demarcar áreas, por exemplo, para que esse pólo tecnológico, no futuro,
aconteça; tem que demarcar a área agora. Como existe na América do Norte, na Califórnia,
o Vale do Silício, que trouxe tamanho progresso para região, nós também
queremos a Lomba do Silício, nós também queremos progresso, emprego e
desenvolvimento, nós queremos a Lomba nossa por inteiro, e não pela metade.
Muito obrigada.
O SR. PRESIDENTE (Sebastião Melo): Registramos a
presença e convidamos para Mesa de trabalho o Ver. Carlos Todeschini. (Palmas.)
A Srª Marinez Gonçalves, da Associação Comunitária
Ayrton Senna. (Palmas.)
A SRA. MARINEZ GONÇALVES: Boa-noite,
pessoal; boa-noite Mesa. Eu vim aqui pedir uma coisa que todo mundo já está
pedindo, mas eu estou aqui representando também a minha comunidade, que é a
Associação Comunitária Ayrton Senna, na parada 6 da Lomba do Pinheiro, e a
escola da qual faço parte, que é a Rafaela Remião. Há necessidade, realmente da
escola técnica, visto que o CEITEC é a primeira fábrica de chips da
América Latina - eu não ouvi ninguém tocar nesse assunto. Em cima disso, a
gente pode fazer um trabalho, com certeza, e trazer melhoria para nós; não
vamos deixar esse espaço para o pessoal de fora, vamos aproveitar e vamos
erguer essa bandeira, até porque uma escola técnica, realmente, custa muito
caro para os nossos filhos. Se a gente a tiver aqui, e de graça, por que não?
Aqui todo mundo é capaz; então,vamos aproveitar a chance! (Palmas.)
O SR. PRESIDENTE (Sebastião Melo): Muito
obrigado. O Ver. Carlos Comassetto está com a palavra.
O SR. CARLOS COMASSETTO: Boa-noite,
Presidente Sebastião Melo; colegas Vereadores e Vereadoras; senhores e
senhoras; comunidade da Lomba do Pinheiro. Quero aproveitar esta oportunidade
para também fazer uma prestação de contas, sim, da nossa atividade como
parlamentares e também trazer alguns problemas que nós sentimos, sim, em
relação à gestão pública municipal, ou seja, o Executivo Municipal. O maior
problema que vivem a Lomba do Pinheiro, a Restinga, o Lami, o Extremo-Sul, toda
essa região, chama-se ocupação irregular, irregularidade do solo urbano. E com
as vilas e as comunidades irregulares, o serviço público não vem. Quando se vai
para Orçamento Participativo e se ganha uma demanda, seja ela de creche, seja
ela de escola, seja ela do posto de saúde, o que vocês ouvem? Não dá para
instalar, porque a área é irregular. E, em Porto Alegre, nós temos 750 vilas
irregulares, e, como já foi dito aqui há alguns minutos, professor, o Plano
Diretor foi para Câmara para ser feita a revisão; nós esperávamos que o
Executivo mandasse para Câmara um estudo completo das áreas irregulares e já
apresentasse a fórmula da adequação do Estatuto das Cidades, que é uma Lei
Federal que permite que os Municípios possam fazer a regularização fundiária.
Para decepção nossa, não foi mandado para a Câmara um projeto que apontasse a
regularização fundiária da Cidade em seu todo. Eu, como Sub-Relator da temática
Adequação do Estatuto da Cidade, apresentei essa Emenda, e estamos apresentando
uma outra Emenda, em conjunto, casualmente com a Verª Maristela e com o Ver.
Sebastião, que trata do comércio. O comércio aqui, na frente, é todo irregular,
não tem alvará. Por quê? Porque a vila é irregular. Portanto, nós não podemos
deixar passar essa oportunidade, e estamos apresentando uma emenda para
corrigir esse problema não só da Lomba, mas da Restinga e de outras
comunidades, porque o comércio irregular gera irregularidades. Chega ali o
fiscal, e não tem alvará, vai cobrar propina para deixar aberto, e nós não
podemos permitir que isso aconteça e que vocês sejam os responsáveis por uma
realidade que é do Poder Público, para fazer com que ela seja regularizada,
porque todo o mundo quer ter a titulação do seu terreno para poder se enquadrar
nos projetos públicos, principalmente os federais, que têm muito recurso para a
habitação hoje.
Dito isso, quero trazer o tema do desenvolvimento
econômico, e aí, Maristela, nós esperávamos que, na revisão do Plano Diretor,
viesse o capítulo do desenvolvimento econômico, contemplando essa
potencialidade que vocês já trabalharam muito bem aqui, que é o desenvolvimento
da tecnologia da informação e da comunicação. Esse é o tema que mais cresce no
mundo hoje, e nós temos uma deficiência em torno de 23 mil profissionais de
nível médio, aqui, para o Brasil, e para o Rio Grande do Sul e Porto Alegre,
para trabalhar em cima da tecnologia da informação e comunicação.
Como é que nós soubemos disso? A Escola Técnica
Federal de Porto Alegre já foi conquistada. Ela se instalará aqui, em linha
reta, a 1.500 metros, no Parque Industrial da Restinga. Ela não é uma escola da
Restinga. Ela é uma escola de Porto Alegre para a Restinga, para a Lomba do Pinheiro,
para o Lami.
O que temos de fazer agora? Ontem, houve o primeiro
seminário para discutir os cursos dessa escola técnica. Vai haver uma audiência
pública na Câmara de Vereadores, para que nós possamos definir os cursos para o
desenvolvimento dessa região e desta Cidade.
Portanto, eu queria, aqui, convidar todos e as
lideranças - estou trazendo esta demanda em primeira mão - para, no dia 28,
sábado, de manhã, comparecer na Restinga, pois estará, aqui na Restinga, o
Ministro da Educação, o Ministro Haddad, para discutir o tema do ensino
técnico. E qual é o objetivo? Transformar essa escola técnica federal de Porto
Alegre num Instituto de Desenvolvimento Técnico Federal, e aí poderá construir
outros campos, seja na Lomba, na Zona Leste, porque a escola Gema Belia também
busca construir essa escola técnica.
Então, esse primeiro embrião está conquistado,
projeto do Governo Federal, que eu e muitos outros Vereadores estivemos à
frente, e, agora, estamos definindo os cursos. Qual é a agenda dessa escola
técnica? Agora, é definir os cursos.
Sai
o edital para a construção do prédio; no início do próximo ano, sai o edital
para concurso público de professores e funcionários. Portanto, é um projeto,
uma conquista da região Lomba, do Extremo-Sul, da Restinga e de Porto Alegre.
Muito obrigado.
O SR. PRESIDENTE (Sebastião Melo): Com a palavra
o Sr. Alexandre Schiavoni, da Escola Municipal Heitor Villa Lobos.
O SR. ALEXANDRE SCHIAVONI: Boa-noite a
todos, à Mesa, ao Ver. Sebastião Melo, Maristela Maffei, aos nossos tribunos.
É um prazer muito grande estar aqui, nesta noite
gelada, com o pessoal da Lomba do Pinheiro, vivenciando esta lição de
cidadania.
É uma questão muito importante para nós; eu
trabalho há mais ou menos cinco ou seis anos, aqui na Lomba do Pinheiro, trabalho
na educação de jovens e adultos da Escola Municipal Heitor Villa Lobos, e por
nós - e por mim, particularmente - já passou uma quantidade enorme de
adolescentes e de jovens de espírito, que são os adultos um pouco mais maduros,
que estão aqui presentes. Todas as vezes que a gente se refere aos jovens
presentes, a gente deve lembrar de que, na realidade, não são só os jovens na
idade, mas também esses jovens de espírito que já têm mais de 40, mais de 50,
pois a gente vivencia essa experiência na nossa vivência aqui na Lomba do
Pinheiro. É uma demanda forte aqui da Lomba do Pinheiro, uma demanda forte,
pelo menos dos nossos alunos da Vila Mapa, justamente essa questão da escola de
Ensino Médio. Há pouquíssimo tempo, questão de umas duas semanas, fazíamos uma
atividade na Escola, onde levantávamos para os alunos o que seria importante se
ter, se conquistar aqui para a Lomba do Pinheiro, que era uma demanda imediata
da Escola que tínhamos, da escola atual que nós temos lá com todos os seus
problemas, com todas as suas deficiências, com todas as suas carências, e o que
se necessitaria daí por diante. E a demanda, surpreendentemente, mais
recorrente desses alunos era justamente a questão de uma escola de Ensino
Médio; uma escola de Ensino Médio que - creio eu - vem muito a calhar neste
momento, o que se torna, realmente, uma das demandas mais importantes não só
para dar acesso à universidade, à universidade pública, à universidade de
qualidade, ou até mesmo às privadas, de qualidade, que nós temos aqui, próximos
de nós, que, no caso, é a PUC; ou então à universidade pública, que é a UFRGS,
perto de nós, como agora a esse Centro Tecnológico que está bem próximo de nós
também. E, mais uma vez, essa escola técnica que está surgindo aqui na
Restinga.
Evidentemente os nossos alunos, na sua grande
maioria, são ainda alunos de Ensino Fundamental, e teriam essa outra caminhada,
essa caminhada importante, que é fazer o Ensino Médio para ter acesso a esses
outros espaços de produção de conhecimento. Creio eu que o Ver. Comassetto, que
me antecedeu, colocou essa questão de modo bastante pertinente.
Essa escola técnica da Restinga, o que se instala
agora na Restinga é uma escola técnica de Porto Alegre, é uma escola técnica da
qual nós, aqui na Lomba do Pinheiro, devemos também nos apropriar, e,
conseqüentemente, nós temos que, para dar esse passo, qualificar o nosso
estudantado, trazendo para cá escolas de Ensino Médio que possibilitem, então,
a esses nossos alunos dar quantidade ao estudo de caráter mais profundo, tecnológico,
nessa escola técnica, ou mesmo na Centec, ou mesmo nas universidades próximas
daqui, PUC ou a UFRGS, aqui próximas de nós.
Então, eu creio que esta é uma questão importante
para nós, trazer aqui para perto mais escolas de Ensino Médio, uma vez que nós
já temos uma escola técnica aqui no nossa eixo. Era isso. Obrigado.
O SR. PRESIDENTE (Sebastião Melo): Eu queria
fazer um apelo aos participantes. Eu acho que a audiência está extremamente
qualificada, mas é importante que a gente possa finalizá-la e dar os
encaminhamentos. Então, nós temos mais duas inscrições populares; depois, nós
temos os dois Vereadores da Mesa, o Todeschini e a Maristela, e nós vamos
encaminhando. Então, eu queria pedir silêncio a vocês e que a gente pudesse,
então, concluir a reunião. De imediato, passo a palavra ao senhor Odori Pedroso
Lopes, morador da Vila São Pedro.
O SR. ODORI PEDROSO LOPES: No Japão, o
Primeiro Ministro e o Imperador se curvam para saudar unicamente os
professores. Por isso eu quero pedir desculpas à Mesa, talvez vocês comecem a
entender. Eu quero, primeiro, cumprimentar meus professores da Escola São
Pedro, onde eu terminei o meu Ensino Fundamental. Eu quero dar o meu boa-noite
a eles.
E agora, entrando, então, no tema da Audiência
Pública, eu quero falar para os jovens, especificamente aos jovens que estão me
ouvindo, muitos já foram embora, mas ainda restam alguns jovens aí, e eu quero
dizer para vocês que, nesta noite, foi trazido para vocês um direito de sonhar,
porque os nossos jovens, hoje, estão muito pobres de sonhos, e, com esta
oportunidade de ser construída a escola técnica na Lomba do Pinheiro, está se
abrindo, então, o direito ao jovem de sonhar, de pensar que ele pode sonhar com
isso, porque os nossos jovens... Eu quero deixar dito aqui às autoridades que é
muito importante o que vocês estão fazendo, hoje, pela Lomba do Pinheiro,
porque nós temos visto os nossos jovens se criando na tecnologia e na
informática, e os jovens carentes e pobres, também, estão se criando
analfabetos, porque eles vão para frente do computador e ficam ali no bate-papo
com o coleguinha, com isso e com aquilo, e o português deles é péssimo. Então,
profissionalizar esses jovens, realmente, é um passo muito importante que está
sendo dado. Então, eu peço a todos vocês que vejam realmente isso com muito
carinho, porque a gente está muito preocupado com a nossa juventude de hoje em
dia, porque, quando nós não perdemos eles para as drogas, para a pedra - não é
a construção civil, não é pedra de construir, não; é aquela pedra porcaria que
está destruindo os nossos jovens, que não deixa a eles o direito de pensar -,
nós estamos perdendo também os nossos jovens para as máquinas. Então, uma
escola técnica, onde eles vão aprender, onde eles vão se profissionalizar, é
muito importante, hoje, para nós, aqui da Lomba do Pinheiro. Então, eu quero
que os jovens reflitam bastante sobre isso, lutem por isso, para que vocês
consigam sair da frente do computador, com coisinhas que realmente não estão
rendendo. Aquelas pessoas que já prestaram atenção sabem que o jovem pobre está
regredindo em frente ao computador; ele está, realmente, precisando de escola
técnica, aprender uma profissão, aprender a pensar, aprender a sonhar, porque o
nosso jovem não está mais sonhando, os nossos jovens não estão mais pensando,
eles vão para frente do computador, esquecem de tudo e ficam ali. Se você for
ver a escrita que eles estão usando no computador, é péssima, é de arrepiar, é
apavorante. Então, tem que haver uma escola profissionalizante para os nossos
jovens, para levarmos, realmente, os jovens a acreditarem novamente num sonho,
não é? Porque um sonho é um projeto de vida, e, no momento que o jovem passar a
sonhar, acreditar no seu sonho, ele vai ter um projeto e vai dar seguimento
àquilo e, com certeza, ele vai chegar em algum lugar bom.
Eu agradeço as autoridades, peço desculpas por ter
cumprimentado primeiro os meus professores, mas, no Japão, o Imperador e o
Ministro fazem isto, eles se curvam para cumprimentar os professores, que
merecem todo o nosso respeito. Muito obrigado e uma boa-noite.
O SR. PRESIDENTE (Sebastião Melo): Com a palavra
o Sr. Lúcio Vieira, representante do Suepro do Rio Grande do Sul.
O SR. LÚCIO VIEIRA: Boa-noite. A
Suepro é a Superintendência da Educação Profissional no Estado do Rio Grande do
Sul, é o órgão vinculado à Secretaria de Educação, responsável pelas escolas
técnicas. Então, se me permite a Mesa e os senhores, eu ouso procurar algumas
propostas de encaminhamento, já que cabe a nós, como órgão gestor da Educação
Profissional, dar os encaminhamentos que surgem desses espaços públicos de
discussão.
Eu
gostaria, antes, de chamar a atenção para alguns aspectos, de como está
organizada a Educação Profissional no Rio Grande do Sul. Nós temos a maior rede
pública estadual de escolas técnicas. Nós somos 150 escolas técnicas espalhadas
no Estado do Rio Grande do Sul, mais outras 12 escolas federais técnicas e sete
municipais. Diante desse quadro, que é um número razoavelmente significativo de
escolas técnicas, que é a maior do Brasil, temos também que perceber que, ainda
assim, é insuficiente frente às demandas. Então, a proposta que faço aqui para
todos interlocutores, particularmente à Universidade Federal do Rio Grande do
Sul e à PUC, através do seu Centro Tecnológico, é que comecemos a construir
efetivamente um projeto de curso técnico na Lomba do Pinheiro, atendendo a essa
necessidade demandada pela comunidade.
Agora,
temos sempre que ter bem presente que, mesmo quando existe a demanda de pessoas
por cursos técnicos, isso tem que estar perfeitamente alinhado com a capacidade
do entorno de absorver essa mão de obra. Esse estudo que eu estou procurando
fazer, a partir de agora, juntamente com as duas universidades principais de
Porto Alegre, que atendem aqui a região e que estão vinculadas a esse Centro
Tecnológico que está sendo criado aqui na Lomba do Pinheiro, e ainda em contato
com o Centro Federal de Educação Tecnológica - Cefet de Bento Gonçalves, que
vai ser o responsável por essa escola federal que está sendo criada na Restinga,
é para nós, em conjunto, estabelecermos os parâmetros para a criação desse
curso técnico aqui na Lomba do Pinheiro. Se ele ficar por conta do Estado, da
rede estadual, então podemos pensar, com apoio, principalmente, na construção
de currículos adequados a essa demanda, na Escola Remião, que é a escola de
Ensino Médio que temos aqui na região. Se, porventura, o Cefet de Bento
Gonçalves entender que é possível criar uma extensão dessa escola federal da
Restinga aqui, então seremos parceiros também na ajuda desse caminho.
Mas
saio daqui convencido de que é necessário estabelecer, aqui nesta região, uma
escola técnica, cursos técnicos associados ao projeto de desenvolvimento aqui
da região.
A
questão agora é saber por qual caminho vamos trilhar. E esse estudo então... já
estou convidando para fazerem uma visita ao Tecnopuc, porque temos uma boa
parceria, e isso é bom. Quero registrar que acabamos de firmar uma parceria
entre o Município de Porto Alegre, Secretaria Estadual de Educação do Rio
Grande do Sul, rede federal e criamos dois cursos sobre o desenvolvimento de software
e da tecnologia da informação, um na Escola Protásio Alves, e outro na Escola
Dom João Becker, duas escolas estaduais. Então, é possível aqui também se criar
um projeto desse porte, envolvendo a Universidade Federal do Rio Grande do Sul,
a Pontifícia Universidade Católica, o Cefet de Bento Gonçalves, com a sua
unidade na Restinga, e nós, do Estado do Rio Grande do Sul, em parceria,
inclusive, com a Prefeitura Municipal de Porto Alegre. Acho que é possível, e
as condições para isso estão dadas aqui. Obrigado.
O SR. PRESIDENTE (Sebastião Melo): Com a palavra o Ver. Carlos
Todeschini.
O SR. CARLOS TODESCHINI: Boa-noite a todos os presentes. Realmente é uma
noite tão fria, o gaúcho tem que ter coragem para vir debater e discutir
assuntos de interesse da comunidade.
Quero
pegar um outro aspecto, porque ele se liga com essa questão do ensino técnico,
da educação, dos programas para juventude, porque também, em uma análise mais
geral do desenvolvimento social, nós, no final do ano, aprovamos uma lei, por
consenso, na Câmara, que é a Lei das Áreas Integradas de Segurança; essa Lei é
fruto de uma construção de bastante tempo, porque a principal manifestação de
desejo e de necessidade pública, sem dúvida, hoje, se for perguntado, as
pessoas vão dizer que é Segurança Pública, isso aí em qualquer lugar da Cidade
- é o principal ponto de aflição e a principal deficiência do Serviço Público.
No
entanto, a nossa Lei prevê a implantação dos programas para o resgate da
cidadania, as áreas integradas de segurança, onde os serviços deverão se
subordinar à organização e ao atendimento às comunidades, a partir das regiões do Orçamento
Participativo, onde Polícia Civil, Brigada Militar e Guarda Municipal deverão
ter uma única organização, e não um desencontro total como existe hoje. Deverão
ter um banco de dados comum, deverão ter uma ouvidoria comunitária, deverão ter
os Conselhos de Controle Social para coagir, para diminuir a criminalidade em
todas as suas manifestações, assim como a violência. E, fundamentalmente, ainda
junto com esse programa, estão previstos, dentro desse Projeto, os programas
para a juventude, quer sejam eles o esporte, o lazer, a cultura, as oficinas,
quais forem, mas, fundamentalmente, também, a formação profissional, que deve
estar integrada num projeto geral de qualificação das pessoas, de qualificação
de ocupação e, sobretudo, de formação profissional para a nossa juventude. E,
por isso, a questão da formação das escolas técnicas, também como a questão
fundiária, levantada aqui de forma adequada, são elementos fundamentais que
devem organizar o futuro da localidade, o futuro da região, com um incentivo
principal, talvez, de todos esses elementos para a inclusão da juventude,
porque, se a gente não tratar com formação profissional, com formação cultural,
com acolhimento da juventude, ela, certamente, pode ser aliciada para os
serviços do mal que andam aí soltos. E, portanto, é bem-vindo, sim, este debate
e é bem-vindo este Movimento, porque este País é um país muito rico, é um país
poderoso, que tem água, que tem sol, que tem terra e que tem muita gente e, se
essa gente estiver preparada, com formação técnica, com formação de mão-de-obra
qualificada, nós vamos transformar o Brasil num dos três principais países do
mundo. E é isso que nós queremos. Então, força, boa luta e vitória. Obrigado.
(Palmas.)
O SR. PRESIDENTE (Sebastião Melo): A Verª
Maristela Maffei está com a palavra.
A SRA. MARISTELA MAFFEI: Bem rápido,
pessoal, porque todo o mundo está com frio; estamos cansados, mas nós temos que
partir, agora, para os nossos encaminhamentos. Muita gente já foi, mas é
importante que se diga que a Lomba do Pinheiro teve um papel fundamental para a
construção do CEITEC. E vou dizer por quê. Porque os técnicos, quando tiraram
as fotos aéreas, não viram - e não são eles que estão aqui - que havia um
colégio ali. E nós lutamos para que permanecesse ali, porque o Governo
Estadual, na época, queria espalhar os alunos, Sr. Presidente, para um lado, para
outro, e nós dissemos não. Foi aí que nós aprendemos o que era o CEITEC, que é,
sim, um centro, uma indústria de excelência, de ponta, de tecnologia, que não
inseria mão-de-obra para nós, mas que nós estávamos disputando com outros
países, estávamos disputando com outros Estados. E esta comunidade teve a
capacidade de fazer as duas coisas: ajudar a trazer o CEITEC, porque, ali, não
tinha tráfego aéreo, tinha bom solo, e nós podíamos manter a escola de 2º Grau.
E nós fizemos isso. Para nós, Ver. Comassetto... não é nada contra a Restinga,
porque nós sabemos que só veio para o Parque Industrial, porque, lá na Restinga
Velha, não tinha espaço físico, que também precisava. Não foi para se aproximar
da Lomba do Pinheiro. Vamos ser bem honestos. Eu sei que o senhor está sendo
honesto, e eu também estou sendo. Nós não podemos abrir mão, se não for
possível imediatamente, que venha a extensão para cá, ou seja, pode ser também
uma escola técnica municipal, no ano que vem. Não tem problema. Agora, estamos
tirando encaminhamentos práticos, está aqui a Câmara de Vereadores, através do
nosso Presidente e das pessoas que aqui estão. Nós queremos sair daqui, com a
Comissão, marcando uma reunião. E eu sei que o Presidente vai abrir as portas
para nós, junto com o Tecnopuc, junto com a Prefeitura, junto com a
Universidade Federal, e já encaminharam, aqui, mais a instituição, por favor,
que colocou algo concreto, aqui, para nos reunirmos. Quais são os
encaminhamentos que foram tirados aqui? Primeiro, a Universidade Federal deixou
claro que existem estágios financiados pelo Governo Federal, que podem ajudar
os nossos filhos na questão das ciências e da matemática; isso é estatístico, é
uma deficiência que nós ainda temos. Para auxiliar, não é que os nossos
professores não sejam bons, são ótimos, só que nós precisamos de mais
mão-de-obra qualificada, e é a Universidade Federal que está nos trazendo isso.
Segundo, a questão das emendas para a questão do Parque Tecnológico, nós
queremos a Lomba do Silício, porque a Lomba do Silício, em Blumenau, tem mais
que padaria. Ora, o Rio Grande do Sul não pode ficar sem, ora, nós acolhemos o
CEITEC, nós queremos também aqui as indústrias de eletroeletrônico, condutores,
de ponta desta área. Nós merecemos, nós queremos isso e nós podemos. Existe uma
Lei federal para incentivos, para atração dessas empresas. Então, qual é o
motivo? Cadê a SPM, a Denise estava aqui, a Denise que coordenou o processo da
Lomba do Futuro não pode esquecer que no projeto lá, Gil, tu que és um
batalhador aqui da Região, tem que estar contido lá a área de reserva, e não
venham para cá só querer botar área para ONG, porque nós não vamos aceitar. Não
vamos aceitar. (Palmas.) Tem que ficar claro isso. Então, nosso Presidente, com
toda a humildade, mas com todo o trabalho que esta Região tem, o senhor que vai
abrir as portas para a nossa próxima reunião com a Comissão de Desenvolvimento
da Lomba, junto com todas as demais Excelências que estão aqui, nós, hoje,
estamos num novo marco da Lomba do Pinheiro, que é a luta pela Escola Técnica e
que é a Lomba do Silício. Muito obrigada. (Palmas.)
O SR. PRESIDENTE (Sebastião Melo): Queremos,
antes de fazer o encerramento, cumprimentar todos os atores protagonistas de
mais um encontro, e dizer que a nossa Câmara se sente muito honrada, pelos seus
36 Vereadores, de promover as Audiências Públicas. Eu quero dizer que
Audiências como esta, às vezes, não só relativamente a um assunto pontual, mas
lá no Belém Novo nós tínhamos mais de 400 pessoas querendo fiscalizar, sim, e
cobrando a fiscalização orçamentária, o Caderno do Orçamento Participativo, as
demandas da Cidade; tivemos uma Audiência no Bairro Assunção, há 15 dias, e os
Vereadores estavam lá, uma reunião tão calorosa quanto esta. A nossa Câmara
está discutindo, além das Audiências Públicas, tem feito grandes Seminários
aqui na PUC, muitos dos senhores receberam o convite. Eu gostaria muito de
reforçar esse convite, porque ali nós estamos debatendo temas que dizem
respeito a hoje e às gerações futuras, que é “Porto Alegre, uma Visão de
Futuro”. Ali nós tivemos a questão da mobilidade, do desenvolvimento da Cidade,
que é esse tema aqui, o extraordinário debate sobre o meio ambiente, e amanhã
vamos estar discutindo, na quarta-feira, sobre a estética da Cidade. Então, eu
queria dizer, Maristela, que, primeiro, a presidência será parceira em todos os
encaminhamentos aqui tomados. Eu acho que para mim está claro que tem que fazer
uma reunião já na semana que vem, envolvendo aí todos esse atores aqui da Mesa
e outros. Eu acho que não há vitória em nada sem organização, sem metodologia,
sem ativismo social. E se a Restinga conquistou a sua Escola, Comassetto, que
bom, parabéns à Restinga, que é nossa co-irmã, nossa co-parceira, mas, com
certeza as demandas da nossa Lomba não são menores do que da Restinga, e,
portanto, a Lomba merece essa atenção. Eu quero dizer para vocês que se diploma
resolvesse o problema do Brasil, nós já estávamos resolvidos. Nós temos que ter
mais escolas técnicas e menos cursos superiores, que oferecem diploma e não conhecimento.
Esta é a grande verdade. Eu não acho que um país avance sem ter pensadores,
pesquisadores, cientistas. É preciso, sim, com muita profundeza, e o Brasil
mantém muito poucos aqui, pois eles vão para fora porque lá pagam melhor. Mas
também as pessoas precisam ter profissões. E para ter profissões tem que ter
escola técnica. Que coisa mais triste, Maristela, você fazer uma ficha numa
empresa: Sebastião Melo, mora na rua tal. “O que é que o senhor sabe fazer? Eu
sei fazer tudo.” Quem sabe fazer tudo, não sabe fazer nada! Esta é a grande
verdade! Por isso, Maristela, eu quero dizer que saio daqui muito entusiasmado,
porque tu és uma guerreira. Eu te conheço há muito tempo como ativista, antes
de ser Vereadora. Portanto, chegaste a Vereadora depois de muitas lutas, não
foi uma construção de baixo para cima; foi uma construção parelha com a
comunidade. Tu não és Vereadora só da Lomba do Pinheiro, mas fazes questão de
dizer: “Eu sou da Lomba.” E eu até a chamo de prefeita da Lomba do Pinheiro.
Então, eu queria cumprimentar vocês todos, os nossos representantes da
Universidade Federal e da PUC. Eu queria também reconhecer aqui, de todos os
membros do Governo: o Adelino é Diretor do DMLU, não falta a nenhuma Audiência
Pública que a Câmara faz. Eu queria te cumprimentar, Adelino, aos teus colegas
do DMLU, que são parceiros nas nossas Audiências, e ao te cumprimentar, estendo
este cumprimento a todos os membros do Governo. Quero dizer aos Vereadores
Todeschini, Carlos Comassetto, Margarete Moraes que são parceiros em todas as
caminhadas que a Câmara faz pela Cidade. Portanto, vamos continuar lá a
reunião...
A SRA. MARISTELA MAFFEI: Se tu não
anunciares a Gauchinha, ela vai ficar braba conosco. Ela tem CD, é artista.
Esta aqui.
O SR. PRESIDENTE (Sebastião Melo): Cadê a
Gauchinha? Eu a conheço? Mas ela vai cantar?
A SRA. MARISTELA MAFFEI: Ela diz que
vai cantar uma música para nós.
O SR. PRESIDENTE (Sebastião Melo): Eu conheço
essa jovem, ela é guerreira, é gente boa, merece o nosso respeito. Então, vamos
encerrar a nossa Audiência Pública ouvindo a nossa Gauchinha. Muito obrigado.
Eu quero fazer um registro da presença do José
Carlos, dos Direitos Humanos. Obrigado pela sua presença e desculpe essa falha
da Presidência.
(Apresentação da Srª Gauchinha.)
(Encerra-se a Audiência Pública às 21h41min.)
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